Universidade e Sociedade
No Modelo Universidade Nova, os autores apresentam uma discussão centrada na crítica atual da estrutura curricular que vem ocupando espaço na educação universitária brasileira. A partir de identificação dos modelos de formação nas universidades europeias do século XXI, sendo que, nas escolas superiores francesas e nas instituições lusitanas, herdeiras tardias da universidade escolástica, eram seus principais modelos.
Nesse sentido, Santos e Almeida Filho (2008) apontam para o sofrimento que as estruturas acadêmicas e institucionais das universidades brasileiras passaram com a reforma universitária imposta pelo governo militar no final dos anos 1960, o qual segundo os autores ainda hoje é questionada por seus efeitos deletérios sobre a educação superior.
Vale ressaltar que, após essa fase as universidades passaram por um
período difícil em sua trajetória. Período este, de quase total
desregulamentação da educação superior e abertura de mercado ao setor privado
de ensino, nos anos 1990. Neste ínterim, os programas das carreiras
profissionais mostram-se cada vez mais estreitos, bitolados, com pouca
flexibilidade e criatividade, distanciados das demandas da sociedade, afirmam
os autores.
De acordo com Santos e Almeida Filho (2008), a universidade pública brasileira encontra-se num momento privilegiado. Os autores vão afirmar que esse privilégio hoje, se caracteriza tanto em termos de conjuntura externa quanto de conjuntura interna, que visa consolidar, ampliar e aprofundar processos de transformação já em curso.
Nessa concepção, os autores chamam a atenção para a importância da
avaliação de contexto e condições da Universidade Federal da Bahia. Nesse viés,
no ano de 2005, algumas iniciativas com a apresentação de estudos preliminares
do Plano Diretor, foram tomadas nesse sentido. Vale lembrar, que essas
iniciativas acabaram sendo bloqueadas pela reação conservadora de algumas unidades,
concluem os autores.
É importante ressaltar, que a UFBA passa a oferecer uma nova opção de
formação universitária de graduação em 2009, com base em um regime de ciclos e
módulos. Nesse contexto, o Bacharelado Interdisciplinar compreende uma nova
modalidade de curso de graduação. Para os autores, esse curso se caracteriza
por agregar formação geral humanística, científica e artística a um
aprofundamento do saber, constituindo etapa inicial dos estudos superiores.
Nesta perspectiva, com a nova modalidade de curso de graduação,
encontra-se a Formação Específica, que de acordo com os autores, é uma
modalidade destinada a proporcionar aquisição de competências e habilidades que
possibilitem o aprofundamento num dado campo do saber teórico ou
teórico-prático, profissional disciplinar, multidisciplinar ou
interdisciplinar.
A Formação Geral, que é composta por componentes curriculares
articulados em três eixos: EL – Eixo Linguagens; ET – Eixo Interdisciplinar
Temático; EI – Eixo Integrador. Eixo Linguagens (EL) – define-se como
formação paralela e sequencial durante todo o programa de Formação Geral do BI,
compreendendo um mínimo de quatro módulos curriculares. O Eixo Linguagens (EL)
é composto por conjuntos de componentes curriculares cuja função é promover a aquisição
de conhecimentos e habilidades de natureza instrumental que possibilitarão
acesso a conhecimentos e competências fundamentais e finalísticos do
Bacharelado Interdisciplinar.
Considerando as presentes modalidades de cursos de graduação, os autores
vão dizer, que as atividades curriculares serão organizadas por tema/problema,
com alunos de diferentes origens e opções de entrada/saída no BI, coordenadas
por um docente e supervisionadas por bolsistas-monitores.
Nesta dimensão, conforme Santos e Almeida Filho (2008), o modelo de
ingresso na universidade atualmente vigente no Brasil usa, em geral, processos
seletivos que privilegiam exclusivamente um tipo de inteligência. Os autores
vão considerar, aquela inteligência dos sujeitos capazes de melhor desempenho
em um único teste, de base individualista, solidária e competitiva, realizado
sob tensão.
Partindo desta visão, os autores argumentam que os testes de seleção
para as áreas profissionais de preferência deverão ser de âmbito nacional,
permitindo maior mobilidade dos estudantes entre instituições universitárias.
Santos e Almeida Filho (2008), discorrem que os princípios do Modelo
Universidade Nova tomam como referência pedagógica competências desenvolvidas
no Projeto Tuning - América Latina, um consórcio de 62 universidades
latino-americanas, incluindo instituições brasileiras.
Referência:
SANTOS, Boaventura de Sousa, Almeida Filho, Naomar de. A Universidade no Século XXI: Para uma Universidade Nova. O Modelo Universidade Nova. Coimbra, 2008, p. 194-223.
Roberto Carlos Ferreira Batista. Acadêmico do curso de graduação LI - Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, da Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB – Campus Jorge Amado, Itabuna/BA.
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